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Por que tiramos sempre as mesmas fotos nas viagens?

Atualizado: 1 de jun. de 2020

Mesmos ângulos, mesmas poses, pessoas diferentes. Será que nunca fomos originais?


Em 2014, estava eu emJungfraujoch, naSuíça, quando uma mulher que eu nunca tinha visto na vida pediu que eu tirasse uma foto segurando sua mão, de costas. Sabe do que eu estou falando? Uma certa febre da dita pose começou com o fotógrafo Murad Osmann e sua namorada, Nataly Zakharova. Na série “Follow Me”, no Instagram, Murad a fotografou em vários lugares do mundo segurando sua mão, de costas, como se ela o estivesse guiando. Não deu outra. Desde então, viajantes não param de reproduzir a cena.



E essa não é, de longe, a única foto reproduzida à exaustão pelos viajantes. Aposto que você já tirou uma foto do céu pela janela do avião. Ou estendeu os braços no meio da multidão para um clique no Cristo Redentor. Ou mesmo tentou empurrar a Torre de Pisa. E aquela de costas para Machu Picchu ou pendurado na Pedra do Telégrafo, no Rio de Janeiro?

É, poderia citar milhares de exemplos.


O Instagram @insta_repeat fez um compilado justamente dessas fotografias.Nos mesmos lugares. Na mesma posição. Do mesmo ângulo.Com pessoas completamente diferentes, em momentos diferentes. E surgiu o questionamento: os turistas gostam dos “clássicos” ou falta um pouco de criatividade às vezes? Bem, a questão não é tão simples assim.


A escritora Susan Sontag escreveu, em 1981, que “hoje em dia, tudo existe para terminar em fotografia”. Ela ficaria impressionada como essa tendência foi intensificada com os smartphones e selfies.

Mais do que guardar recordações e álbuns de fotografias, expor virtualmente a viagem tornou-se mais relevante. Para Sontag, a fotografia é a “prova incontestável” que a pessoa viajou, cumpriu os programas e se divertiu. Ou seja, do que vale uma foto que só eu poderei ver? Viajar é fotografar e compartilhar com o mundo!


Neste sentido, um imaginário dos destinos é construído por meio das fotografias e da internet. Elas ajudam o turista a decidir o seu próximo destino e, querendo ou não, fazem uma “curadoria” do que merece ou não ser visto. Segundo uma pesquisa realizada na UFF,92%dos participantes sentem-se estimulados a conhecer um local após verem publicações de seus amigos nas redes.

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